Em carta aberta, pastor Jader desabafa sobre saúde e abandono


16/07/2025 20h51 | Por: Jader Alves Pereira

Escrevo estas palavras com o pouco de força que ainda me resta. Não sei se esta será a última vez que me dirijo a vocês, mas sinto no coração que preciso falar, com sinceridade e fé, sobre tudo o que tenho vivido.

Os dias têm sido longos e pesados. Meu corpo já não responde como antes, e minha mente, por vezes, me trai — confunde rostos, embaralha memórias, desfaz o que antes era tão claro para mim. Após tantos AVCs e desmaios, recebi o diagnóstico de demência. Os médicos dizem que talvez seja Alzheimer, mas, na prática, o nome pouco importa: cada dia tem sido uma batalha para lembrar quem sou, onde estou, e o que vivi.

Passei minha vida servindo. Como pastor batista, preguei o amor, a esperança e a salvação. Como radialista, levei mensagens de fé aos lares de tantos. Fiz isso com alegria, com entrega, com a certeza de que estava cumprindo um propósito. Nunca imaginei que meu final seria assim: dependente, frágil, limitado.

Mas o que mais me dói, mais do que a doença, é o silêncio de alguns que um dia chamei de irmãos. Pessoas próximas, que caminharam comigo, que partilharam da minha mesa e da minha fé, hoje se afastaram. E eu entendo — a vida segue, as preocupações são muitas. Mas confesso: a solidão tem sido um companheiro cruel.

A vida é mesmo efêmera, como diz a Palavra:

“O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.” (Salmos 144:4)

Hoje compreendo essa verdade como nunca antes. Aquilo que parecia sólido, eterno, desaparece como névoa ao amanhecer.

Não escrevo isso para me queixar, mas para tocar o coração de quem ainda pode estender a mão. A doença exige muito — física, emocional e financeiramente. Os remédios são caros, os cuidados são constantes. Minha esposa, Leia, tem sido incansável, mas não pode carregar tudo sozinha.

Se o Senhor tocar o seu coração, e você desejar ajudar de alguma forma, é possível contribuir com qualquer valor por meio do Pix. A chave é o número de telefone da minha esposa:

73999420525 (Leia Victer Pereira)

Toda doação é uma bênção, e será recebida com gratidão e oração. Que Deus recompense com graça e multiplicação cada gesto de solidariedade.

Estou em paz. Sei que minha partida se aproxima, mas também sei para onde vou. O Senhor, a quem servi durante toda a minha vida, não me abandonará agora.

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4:7)

Que o amor de Cristo inunde seus corações. E que, se este for o meu último recado, saibam que lhes sou grato — pela amizade, pelo carinho, e por tudo o que vivemos.