Quando o sensacionalismo substitui a verdade: o falso jornalismo nas redes


18/05/2025 14h08 | Por: Alexandro Sousa/teixeiraurgente com MTB-0006235

Teixeira de Freitas – O exercício do jornalismo profissional tem enfrentado sérios desafios nos últimos anos, especialmente diante do crescimento desordenado de páginas e perfis em redes sociais que se autodenominam “portais de notícia”, mas que atuam sem qualquer compromisso com a apuração dos fatos ou com a ética jornalística.

Em muitos casos, essas páginas replicam informações recebidas por mensagens ou extraídas de outras redes, sem checar a veracidade ou consultar fontes confiáveis. Um exemplo recente ocorreu neste domingo, 18 de maio, quando um ciclista caiu após passar por um quebra-mola na ladeira que dá acesso ao bairro Ulisses Guimarães, nas proximidades do Padre José. A vítima sofreu ferimentos, foi socorrida e levada ao hospital, onde recebeu os primeiros atendimentos e segue em observação para exames mais detalhados.

No entanto, um perfil do instagram local que se intitula como portal de notícias publicou a falsa informação de que o ciclista havia morrido, gerando comoção desnecessária e desinformação entre os moradores. A divulgação precipitada e irresponsável desse tipo de conteúdo é uma afronta ao jornalismo sério e pode configurar crime, de acordo com a legislação brasileira.

Fake news e exercício ilegal da profissão

A propagação de notícias falsas – as chamadas fake news – é crime previsto no Código Penal em determinadas situações, especialmente quando há intenção de causar pânico, prejuízo a terceiros ou manipular a opinião pública. O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018) também estabelecem diretrizes para o uso responsável das plataformas digitais.

Além disso, o exercício ilegal da profissão de jornalista pode configurar infração ética, mesmo que a atividade não exija diploma por força da decisão do Supremo Tribunal Federal. Profissionais sérios seguem princípios de apuração, responsabilidade social, e têm consciência do impacto que uma informação pode causar na vida de uma pessoa ou na sociedade.

Desinformação não é jornalismo

Influenciadores digitais e administradores de páginas em redes sociais não são jornalistas apenas por noticiar algo. Jornalismo exige técnica, ética e compromisso com a verdade. O papel do jornalista é ir ao local, ouvir todas as partes envolvidas e divulgar os fatos com responsabilidade, algo que vem sendo cada vez mais ignorado por quem busca apenas cliques e engajamento nas plataformas.

É fundamental que a população saiba distinguir o jornalismo profissional de conteúdos sensacionalistas e sem credibilidade. A confiança na informação passa pelo compromisso com a verdade.