16/07/2024 14h48 | Por: Redação/fonte 8ª COORPIN/Teixeira de Freitas
Na tarde da última segunda-feira, 15 de julho, uma ação policial realizada por equipes da 8ª COORPIN, Delegacia Territorial de Itamaraju, Delegacia Territorial do Prado e CATTI/Extremo Sul, no curso das investigações acerca da morte de dois indígenas, marido e mulher, ocorridas na noite de domingo na Aldeia Corumbauzinho, município do Prado, resultou na prisão de quatro indígenas apontados como envolvidos em uma das mortes.
Segundo apuração da polícia, o indígena Lucimar Rocha da Silva, de 40 anos, morreu durante um incêndio em sua residência, ocorrido por volta das 19h00 do domingo (14), provocado por ele mesmo, que teria jogado gasolina e ateado fogo em cédulas de dinheiro, ocasião em que perdeu o controle das chamas, iniciando-se o incêndio de sua casa. O fato teria ocorrido após uma discussão com sua companheira, em torno da divisão dos valores auferidos de artesanatos vendidos pelo casal no sábado. Foi nesse momento que ele, alcoolizado e chateado, teria jogado as notas de dinheiro no chão e ateado fogo. Sua companheira, Miscilene Dajuda Conceição, 44 anos, conseguiu sair da casa a tempo; mas ele não conseguiu e morreu carbonizado.
Em face disso, um irmão de Lucimar (45), morador de uma aldeia vizinha, Aldeia Águas Belas, dirigiu-se ao local e, com apoio do cacique (38); do pai do cacique (74) e do irmão do cacique (34), também parentes do morto, espancou Miscilene até a morte. Segundo relatos de testemunhas oculares, apesar de suas súplicas, Miscilene foi atirada na casa em chamas e, quando corria, era novamente espancada e empurrada para dentro do imóvel.
Enquanto os fatos eram praticados por seu cunhado (irmão de Lucimar) e pelo pai do Cacique da Aldeia Águas Belas, as testemunhas presentes eram ameaçadas pelo Cacique e pelo irmão do Cacique da referida aldeia vizinha para não interferirem, pois diziam que “era coisa de família” (o referido cacique também tinha parentesco com Lucimar). Durante a sessão de tortura, a vítima Miscilene não resistiu e morreu antes de ser socorrida.
Em face dos fatos evidenciados nas investigações, as equipes da Polícia Civil, de forma contínua, diligenciaram na Aldeia Águas Belas, onde efetuaram a prisão do Cacique, de seu irmão e de seu pai. O irmão de Lucimar foi preso no Instituto Médico Legal de Itamaraju, onde se encontrava realizando os procedimentos para a liberação do corpo de seu irmão.
Durante seu interrogatório, o irmão de Lucimar alegou não lembrar de nada do que ocorreu, informando que nem negava, nem afirmava a autoria do crime. Já os demais envolvidos, apesar dos diversos depoimentos colhidos, negaram a participação nos fatos.
Formalizado o Auto de Prisão em Flagrante, os quatro indígenas foram colocados à disposição da Justiça e devem passar por audiência de custódia, a ser realizada pela Vara Criminal da Comarca de Itamaraju.